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Ministério alerta para risco de retrocesso ambiental com decisão do Cade que suspende Moratória da Soja

Lavoura de soja em Roraima Neto Figueredo/Secom/Divulgação A suspensão preventiva da Moratória da Soja, determinada pela Superintendência-Geral do Conselho...

Ministério alerta para risco de retrocesso ambiental com decisão do Cade que suspende Moratória da Soja
Ministério alerta para risco de retrocesso ambiental com decisão do Cade que suspende Moratória da Soja (Foto: Reprodução)

Lavoura de soja em Roraima Neto Figueredo/Secom/Divulgação A suspensão preventiva da Moratória da Soja, determinada pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), gerou reação no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O órgão afirma que a moratória teve resultados incontestáveis e foi fundamental na proteção da Amazônia. ➡️O que é a Moratória da Soja? Assinada em 2006, busca proteger a floresta amazônica ao impedir que traders de soja (empresas que comercializam o grão) comprem de produtores que tenham desmatado áreas na região após julho de 2008. O acordo foi firmado entre associações de produtores, empresas e organizações da sociedade civil, com apoio governamental. O Cade determinou que os traders suspendam o acordo dentro de 10 dias, sob pena de multas pesadas. A medida foi tomada sob alegação de indícios de práticas anticompetitivas. O MMA manifestou preocupação e afirmou que o compromisso, em vigor há quase duas décadas, apresenta resultados consistentes na proteção ambiental. "A perenidade do acordo indica seu sucesso e a ausência de elementos que possam, por si só, caracterizar um cartel de compra que motive uma medida preventiva", afirma o MMA. Resultados da moratória De acordo com os dados divulgados pelo ministério, entre 2006 e 2023 a área plantada de soja na Amazônia cresceu 427%, sem provocar novos desmatamentos. No mesmo período, a expansão em outras regiões do país foi de 115%. O levantamento aponta ainda que 97,6% do desmatamento registrado no bioma não teve relação com a soja. "Os resultados alcançados são incontestáveis", afirma o ministério. "Longe de restringir o mercado, o acordo contribuiu para consolidar a imagem do Brasil como fornecedor confiável de soja produzida sem desmatamento e violações socioambientais." O pacto estabelece três regras principais: Utilização apenas de áreas consolidadas de desmatamento, conforme previsto no Código Florestal; exclusão de áreas embargadas por infrações ambientais; e proibição de produção em locais com trabalho em condições análogas à escravidão. Disputa entre concorrência e meio ambiente Na nota, o MMA ressalta que a Constituição de 1988 garante tanto a livre concorrência quanto a defesa do meio ambiente, e critica uma interpretação que privilegie apenas o aspecto econômico. O ministério argumenta que a experiência da Moratória da Soja mostrou ser possível aumentar a produtividade agrícola sem novos desmatamentos e com respeito à legislação. Segundo a agência Reuters, a decisão do Cade foi motivada por uma investigação preliminar, após solicitação feita pelo comitê de agricultura da Câmara dos Deputados em agosto de 2024. Em dezembro, a Aprosoja-MT, que representa produtores do grão no estado, fez uma denúncia contra a moratória no conselho. Segundo a decisão, as medidas preventivas do Cade devem ser adotadas pelo grupo de trabalho da Moratória da Soja, que inclui Anec, Abiove e 30 empresas de grãos signatárias do programa. A decisão também proíbe que os exportadores de soja coletem, compartilhem, armazenem e divulguem informações comercialmente sensíveis relacionadas ao comércio de soja e aos produtores com os quais mantêm negócios. Governador fala sobre crescimento da soja em Roraima