EUA se movimentam para fechar cerco contra Maduro e reconhecem González como presidente eleito
Congresso também discute lei que pode travar contratos com quem mantém negócios com Maduro. Governo venezuelano chamou atitude dos EUA de 'ataque criminoso'....
Congresso também discute lei que pode travar contratos com quem mantém negócios com Maduro. Governo venezuelano chamou atitude dos EUA de 'ataque criminoso'. Edmundo Gonzalez e Nicolás Maduro Gabriela Oraa /AFP; Leonardo Fernandez Viloria/Reuters Os Estados Unidos estão se movimentando para apertar o cerco sobre Nicolás Maduro, reconhecendo o opositor Edmundo González Urrutia como "presidente eleito" da Venezuela. Além disso, o país está discutindo um projeto de lei comercial que trava contratos com quem mantém negócios com Maduro. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Em uma mensagem na rede social X, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que "o povo venezuelano se pronunciou claramente em 28 de julho", tornando "Edmundo González presidente eleito". Seu correlato venezuelano, Yván Gil, o chamou de "ridículo". "A democracia exige respeito à vontade dos eleitores", acrescentou, quase quatro meses depois do pleito. Em agosto, Blinken reconheceu que a oposição tinha conseguido mais votos. Nos Estados Unidos, um país muito polarizado politicamente, enfrentar Maduro é uma das poucas questões em que democratas e republicanos concordam. A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na segunda-feira (18) o projeto de lei bipartidário "Bolívar", que ainda precisa da aprovação do Senado e da assinatura do presidente para entrar em vigor. O texto, oficialmente chamado de Proibição de Transações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo Venezuelano, proíbe os Estados Unidos de assinarem contratos com pessoas que façam negócios "com o governo ilegítimo de Nicolás Maduro" ou qualquer outro "não reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos". Caracas reagiu com uma declaração furiosa, chamando-o de "ataque criminoso". "De maneira desavergonhada, colocaram sigla de Bolívar, em uma ofensa ao maior gênio da história americana, que dedicou sua vida a derrotar o imperialismo e o colonialismo, antivalores contidos nesse novo ataque criminoso", escreveu o Ministério das Relações Exteriores. Segundo o governo venezuelano, esse instrumento tem como objetivo impedir a cooperação econômica entre os dois países e viola a Carta da ONU, "somando-se às mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais" impostas a Caracas. LEIA TAMBÉM Embaixador da Ucrânia minimiza risco nuclear e diz que Brasil não quis lidar com a questão da guerra durante o G20 Com medo da Rússia, Suécia faz vídeo para instruir população em caso de guerra; ASSISTA Putin assina decreto que flexibiliza uso de armas nucleares; veja o que muda Impacto 'limitado' "É uma lei de impacto bastante limitado", porque já existe outra "que proíbe o setor de defesa, o Pentágono, de firmar qualquer contrato com uma empresa que tenha qualquer relação comercial com o governo venezuelano", explica à AFP o analista Mariano De Alba, especialista em geopolítica e direito internacional. Uma das forças motrizes por trás do projeto de lei é o republicano Mike Waltz, um falcão escolhido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, como futuro assessor de Segurança Nacional da Casa Branca. E ele não mede palavras. "A Venezuela está em crise devido ao governo ilegítimo e autoritário e às políticas marxistas de Nicolás Maduro e seu cartel de Caracas", disse ele em um comunicado. "Nossa política deve se basear na solidariedade aos corajosos ativistas que se esforçam para quebrar as correntes da opressão e não fornecer ajuda e conforto a seus opressores", acrescenta o congressista republicano. A outra patrocinadora do projeto de lei, a democrata Debbie Wasserman Schultz, concorda com a necessidade de aumentar a pressão para estar "comprometidos com o povo venezuelano". A congressista já promoveu, com colegas republicanos, dois outros projetos de lei na Câmara dos Representantes do Congresso: Lei de Revogação: com o objetivo de rescindir as licenças concedidas a várias empresas petrolíferas para operar na Venezuela; Lei Valor: que, entre outras coisas, reafirma as sanções financeiras ao Banco Central da Venezuela, à Petróleos de Venezuela (PDVSA) e às criptomoedas venezuelanas, e bloqueia a assistência estrangeira a qualquer país que ajude Maduro. O setor petrolífero da Venezuela está sob sanções desde 2019, mas Washington concede licenças individuais para operar na Venezuela a várias empresas, incluindo a americana Chevron. A vitória eleitoral de Trump ameaça endurecer a posição de Washington. Para De Alba, o projeto de lei "começa a dar indícios sobre qual provavelmente será a política", que consistirá em "manter as sanções existentes e expandir ou reinstaurar sanções". A escolha do senador Marco Rubio como futuro chefe da diplomacia reforça esta hipótese. Rubio trará consigo "sanções mais rígidas e, infelizmente, uma retórica mais dura e não construtiva", disse à AFP Christopher Sabatini, pesquisador da América Latina no think tank britânico Chatham House, antes mesmo de Trump escolher o senador latino para o cargo. "Não me surpreenderia que Trump dê carta branca tanto a Marco Rubio quanto a Mike Waltz para que avancem com a política" que considerem adequada, "muito provavelmente com um discurso contundente e também com a ampliação das sanções", explica De Alba. VÍDEOS: mais assistidos do g1